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Camiri, Nelson Felix
 26.Out.2006 a 11.Fev.2007

A Fundação Vale tem o prazer de apresentar a exposição Camiri, do artista Nelson Felix.

A mostra apresenta esculturas de ferro e mármore que compõem uma única obra com mais de 30 toneladas. Mas Camiri não é apenas o nome da mais recente exposição desse artista de obras essencialmente conceituais. Camiri é também uma aldeia na Bolívia que virou ponto referencial para o trabalho de Nelson Felix.

A nova obra do artista, exposta hoje no galpão do Museu Vale , é composta por 40 vigas de ferro e três peças de mármore de Carrara: dois cubos vazados, esculpidos pelo artista em seu atelier, e um anel com 2,30m de diâmetro, feito a partir de um único bloco de mármore. Esse anel foi produzido em Verona, na Itália. Nas esculturas, Nelson utiliza o mármore inteiro, sem emendas, e dele retira o excesso. Além dessa obra, serão expostos diversos desenhos – esferográfica, prata e lacre sobre gravura em metal, feitos sobre o projeto, no segundo andar do prédio do Museu.

O trabalho inovador desse arquiteto carioca o credencia à lista de expoentes da arte contemporânea brasileira. A conquista de diversos prêmios, inclusive de críticos, é um reconhecimento ao seu talento. A Fundação Vale se orgulha de viabilizar o acesso do grande público à obra de Nelson Felix.

A democratização do acesso a manifestações culturais e atividades artísticas é um valor para a Vale. Afinal, cultura é um meio de expressão e também de inclusão social. Por meio da cultura um povo exprime sua identidade, sua história, sua alma. Mobiliza e transforma, criando condições para o desenvolvimento humano e gerando novas perspectivas de vida para a população.

Com essa exposição, a Fundação Vale busca contribuir para a difusão de diferentes linguagens e para o fortalecimento da identidade cultural brasileira. 

Olinta Cardoso

Artista

Síntese Biográfia Nelson Felix

Nasceu no Rio de Janeiro em 1954, estudou com Ivan Serpa e em 1972 começou a estudar Arquitetura, já residiu em diferentes países da América Latina.

Começou sua trajetória como artista trabalhando com desenhos, na bidimensão, que acabaram por ganhar o espaço e vários materiais tomaram formas intrigantes em suas mãos. Entre eles: o grafite, o cobre, a madeira, o ferro e o mármore. 

Em 1996 esteve na XXIII Bienal Internacional de São Paulo, 2002 na V Bienal do Mercosul e em 2005, com a exposição Trilogias, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Seus principais trabalhos:
– “Grande Budha”: Estado do Acre 10°s 70ºW- 1985
– Vídeo: “O Oco” – Galeria Sergio Porto – RJ – 1995
– “Mesas”: Galeria Luisa Strina – 1995
– “Língua” -1997

Seu atelier fica hoje na cidade de Friburgo, no Rio de Janeiro.

Curador

A forma da exposição é a conjunção imponderável de dois fatores mais que diversos. De imediato, há a seqüência de vigas de ferro que sustentam um tanto precariamente dois cubos e um grande anel de mármore de Carrara, a tomar o galpão do Museu Vale. À falta de um verbo adequado, digamos, soma-se a isso o deslocamento do artista até Camiri, pequena aldeia no interior da Bolívia, em função de sua (quase) perfeita correspondência com a situação geográfica do museu em Vila Velha: encontram-se a 23 graus um do outro, sobre a mesma latitude no globo, os mesmos 23 graus de inclinação em que a Terra gira ao redor do eixo do Sol. A operação escultórica, bastante concreta, que envolve o espaço do museu e a viagem casual mas esteticamente compulsória do artista, deslocando-se a Camiri, constituem, portanto, a forma aberta do trabalho.

Uma considerável materialidade e uma certa invisibilidade compõem juntas o conteúdo da exposição. Muito esquematicamente, eu diria que, feita a experiência física da instalação, somos induzidos a percorrer o espaço imaginativo de suas ilações poéticas. Não estivesse a aura da palavra “viagem” tão degradada, sempre a figurar o pseudo-delírio ou o mero equívoco, poderíamos desfrutá-la mais à vontade. De fato, a viagem a Camiri é um componente material, embora oculto, da escultura da exposição, outra de suas vigas, associada aos dois cubos e, naturalmente, à emblemática forma circular do anel. O artista fez efetivamente a viagem, e com um propósito bem definido. Não é o caso de dramatizá-la; ela foi o que foi, isto é, parte constitutiva do processo do trabalho. Sem o deslocamento do artista a Camiri, vigas, cubos e anel ficariam,quem sabe, sem sustentação. Ou, ao contrário, talvez ficassem presos, estáticos, esquecidos do mundo da vida. Mas tudo isso só nos ocorre depois: como se apresenta concretamente, fazendo vibrar sua presença no espaço do museu, essa escultura aberta, expansiva, não conhece nostalgia.

Ronaldo Brito

Publicação

CAMIRI, de Nelson Felix,
no Museu Vale

A partir de 26 de outubro, esculturas de ferro e mármore que compõem uma única obra com mais de 30 toneladas irão tomar o espaço do Museu Vale, em Vila Velha (ES), “ferindo” as paredes e forçando os limites da sala. É CAMIRI, exposição de Nelson Felix, que neste novo trabalho traz de volta a questão da eclíptica, o alinhamento do eixo do sol em relação à terra, que se dá numa angulação de 23 graus, simbolizando o ponto perfeito, o lugar ideal. 

CAMIRI, entretanto, é bem mais do que uma grande obra “alinhada à perfeição”: é o resultado concreto, material, das esculturas com uma ação simbólica do escultor, que partiu do museu em busca do ponto perfeito, a 23 graus, e chegou a CAMIRI, na Bolívia, de onde fez uma foto olhando para o local da exposição; de volta ao museu, fez outra, olhando para CAMIRI. Nelson afirma que este deslocamento, que leva a obra para fora, para além das limitações físicas do espaço, é a grande força da mostra. 

– A obra não é só a escultura que ocupa o espaço. É mais! É como alguém que você vê pela primeira vez e sabe que não é só aquilo, sabe que carrega sentimentos, afetos, características próprias e particulares – diz o artista. 

CAMIRI é uma realização da Fundação Vale , com o patrocínio da Vale e produção de Suzy Muniz Produções. Paralelamente à abertura da exposição, será lançado um livro, com texto do crítico Ronaldo Brito e uma longa entrevista com Nuno Faria, Curador de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, que veio ao Brasil especialmente para a realização do trabalho, permanecendo alguns dias no atelier de Nelson Felix, em Friburgo (RJ). 

A MOSTRA

A obra que dá nome à exposição é composta de 40 vigas de ferro e três peças de mármore de Carrara: dois cubos vazados, esculpidos pelo artista em seu atelier, e um anel com 2,30m de diâmetro, feito a partir de um único bloco de mármore, em Verona. Nas esculturas Nelson utiliza o mármore inteiro, sem emendas, e dele retira o que não quer. 

As vigas irão cortar o espaço do museu: nas duas primeiras salas, estarão em paralelas, parede a parede; na última, terão uma inclinação de 23 graus, e em diagonal irão se sucedendo até o final. Dois cubos de mármore vazados estarão suspensos e apoiados nas vigas da primeira sala; na outra, um mar de vigas e o anel de mármore. As esculturas produzirão ranhuras nas paredes, no espaço físico do museu, forçando a situação, mostrando uma certa premência. Além dessa obra, que ocupará todo o galpão de exposições, uma série de 22 desenhos (esferográfica, prata e lacre sobre gravura em metal) feitos sobre o projeto, será exibida no segundo andar da sede administrativa do Museu Vale.

CAMIRI dá seqüência a trabalhos iniciados em 1988, como Grafite (MASP), onde uma das peças está alinhada pelo “eixo do sol”, ficando “torta” no espaço; e a Série Árabe (2001) – Cavalariças do Parque Lage, que se refere a uma outra torção no espaço, onde as esculturas, deslocadas em 23 graus, o ignoravam, não mais cabiam nele, furando paredes ou torcendo a si mesmas. – Agora no Museu Vale, as esculturas são deslocadas 23 graus na arquitetura e eu me desloco 23 graus no Globo, encontrando um lugar específico chamado CAMIRI – diz Nelson Felix.

Na opinião do crítico Ronaldo Brito, “a exposição é uma ação escultural que se desdobra, se propaga no deslocamento físico de Nelson até CAMIRI”. O deslocamento do artista é parte da forma da exposição, afirma Ronaldo, ao ressaltar que a mostra situa-se entre uma presença material e uma ação invisível do artista.

O ARTISTA 

Sua última exposição foi “Trilogias”, (2005, Paço Imperial, Rio de Janeiro, e Museu de Arte de São Paulo), considerada pela crítica como uma das dez melhores do ano, documentada no livro “Trilogias – conversas entre Nelson Felix e Glória Ferreira” editado pela Pinakotheke. A “Série Árabe” – Cavalariças, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, em 2001; e “Grafite”, escultura apresentada em exposição no Museu de Arte de São Paulo, 1998, são marcos na carreira do artista, assim como “Grande Budha” (1985/2000) – árvore e garras de latão no Acre, “Mesa” (1997/1999) – extensa chapa de ferro e 22 árvores, em Uruguaiana, e os dois trabalhos do Vazio Coração, que imprimiram fortes tendências simbólicas à arte contemporânea.

Nelson Felix, carioca, formou-se em arquitetura em 1977 e iniciou estudos com Lygia Pape e Ivan Serpa no início da década de 70. Sua primeira exposição ocorreu na galeria Jean Boghici em 1980, no Rio de Janeiro. O artista foi residente da Curtin University, em Perth, e na Karratha College, em Karratha, na Austrália. A Cosac & Naif publicou em 1998 o livro “Nelson Felix”, com texto de Rodrigo Naves. 

SERVIÇO
Camiri, de Nelson Felix
Museu Vale 
Antiga Estação Pedro Nolasco, s/n – Argolas
Vila Velha – ES – Brasil
Tel: 55 27 3333-2484
De terça a domingo, das 10h às 18h
Sexta, das 12h às 20h 
Período: de 26 de outubro a 11 de fevereiro de 2007