No primeiro momento da visita, no espaço expositivo falamos sobre o conceito da exposição: referenciamos o contraponto desta exposição com as outras que aconteceram no ano de 2013 no Museu Vale, voltadas para a alta tecnologia; da importância da intervenção “manual”: a prática do desenho e da pintura, da pesquisa, os materiais utilizados, as dimensões escolhidas, a interpretação do olhar e do sentir, a disciplina no fazer diário.

O desenho/o olhar

Apresentamos o desenho em três formas: apontamentos (aquarela, tinta da china e sanguínea), desenho com poses rápidas (fundamentalmente em tinta da china) e na pintura (pincel, carvão e sanguínea). Mostramos aos alunos que pinto temas que me rodeiam. Estão presentes os agaves, que são plantas que moram no meu jardim, as montanhas de Aracê, folhas dos coqueiros, os meus amigos e o meu cão

O desenho na pintura

No meu ponto de vista, o desenho (noções) é fundamental para o aprendizado da arte seja ela pintura, escultura, arquitetura, design, cinema (planos), etc. E não há uma ordem. Quero dizer com isto: o desenho poderá vir primeiro ou por último. A cor, mancha, poderá vir primeiro ou por último. O desenho não deve limitar (estabelecer limites) e a mancha, a cor, pode estar ou não restrita à forma. Um coração não tem que ser necessariamente vermelho! Um coração tem muitas estórias para contar que podem ultrapassar ou modificar a forma conhecida e preestabelecida. 

Esta exposição apresentou ao público espontâneo e aos escolares o meu universo. Vivo cercada por montanhas, por encostas verdes e por pedras cinzentas, e plantas. Gosto de contemplar a paisagem, observá-la cuidadosamente. Há muito céu, por vezes de um azul intenso, de laranjas avermelhados, rosas fortes ou suaves.  As nuvens, quando aparecem, passeiam neste imenso espaço como se fossem rios. 
Os agaves são plantas fortes como as montanhas. 

Me identifico com os agaves pois estou rodeada por eles. Gosto da forma das grandes pétalas, da força do caule, dos anéis e do “ar”, vento, que passeia entre as pétalas ou folhas gigantes.
Há sempre limitações, no entanto, o universo do desenho e da pintura é ilimitado.
E gosto do coração. É através dele que ‘bate’ a vida. E é fundamental aprender a trabalhar com o coração.

O trabalho é acompanhado por uma disciplina rígida. Só através da disciplina, da reeducação constante do olhar, é que talvez possamos contar um pouco do nosso universo aos outros. 
Cada desenho ou pintura realizado no workshop é um momento no do nosso universo. Nesse trabalho educativo partilhamos isto com o outro. 

Regina Chulam
Artista Plástica

O workshop Regina Chulam – Desenhos e Pinturas desenvolvido a partir da exposição homônima, foi realizado no Museu Vale com 1.350 alunos e 100 professores de 45 escolas públicas e privadas da Grande Vitoria (Cariacica, Viana, Vila Velha, Vitoria e Serra) de 30 de outubro a 13 de dezembro de 2013 (25 dias úteis).