Dentro da categoria de vídeo performance, apresentamos os trabalhos dos artistas Geovanni Lima e Reyan Perovano, que farão parte das ações virtuais promovidas no site Museu Vale.

A vídeo performance como expansão da arte de Geovanni Lima e Reyan Perovano.

Se a performance existe e se faz em um espaço-tempo, permitindo a integração artista/espectador na vivência do ato, a vídeo performance, como registro desse mesmo ato, distancia-se da experiência para tornar-se produto, uma espécie de recorte, uma memória editada e encapsulada, cujo acesso se faz por meio de um clique.

Projetos selecionados na Convocatória lançada em 2022, “Rei da Primavera” de Geovanni Lima e “Segundo Ato” de Reyan Perovano, são registros que trazem em seu DNA a pluralidade de signos e significados nos conteúdos de ambas as produções.

Geovanni Lima e seu “Rei da Primavera” o “Homem Flor”, como é nomeado por um observador durante o vídeo, permite interpretações e questionamentos sobre esse ser surreal em meio a uma feira livre.

Segundo Geovanni: “A performance compõe a série Exercícios para se lembrar, 2018-2021, e elabora arquivos memoriais escritos em diários que produzi na infância e adolescência. Para o trabalho criei uma pele-macacão bordada com folhas e flores artificiais, acompanhada de uma coroa de galhos, flores e folhas de igual material produzida para a cabeça. A exemplo das flores que confeccionava para a decoração do salão onde era realizado o Baile da Primavera na escola em que estudava durante a infância, produzir flores diversas, com retalhos de tecidos, que posicionei em uma cesta de palha, do tipo de piquenique, nos moldes de um arranjo floral. Após me vestir com essa pele-macacão florida, portando a cesta de flores de papel em uma das mãos, me coloco a caminhar pelo espaço público. Durante o percurso, realizo a distribuição das diversas flores que carrego aos transeuntes racializados que encontro pelo caminho.”

Ficha técnica:
Concepção/Performance: Geovanni Lima
Imagens: Paula Barbosa
Vídeo/Edição de vídeo: Fred Farias
Figurino: Vitor Vasal

Já Reyan Perovano e seu “Segundo Ato”, traz questões internas que envolvem todo o ser humano, a necessidade, até, de se desfazer de amarras, ser quem se é.

Palavras do artista: “Quando a encenação das ataduras se desfaz, as farsas das máscaras continuam. Quem sou eu? Há continuidade possível? Quanto de mim é interação e negociação? Há o inegociável? Se preciso me afirmar, como defender a mutação? Mereço ainda afeto? Por que me sinto só? Quais ruas são possíveis, que banheiro usar, que desconforto escolher? Que flor posso ser quando precisar descansar? Desejo a afirmação política da multiplicidade da vida. Desejo que a farsa das performances se torne evidente. Desejo que o desejo conflite com o real e então haja discussão. Desejo que a fala e a escuta sejam ativas. Desejo que a vida siga para além de sobrevida.”